sexta-feira, 19 de março de 2010

Paralelepidedos no muro.

O monstro que vive em mim é uma criança aprisionada em jaula.
Jaula é uma fortaleza inabalável.
Jaula de fera, de animal indomável.
Indomável.
Ela vive em fantasias e a escuridão lava as ruas.
As sombras se moldam conforme se movimenta, conversa, toca a sua matéria.
Os olhos, choram e cerram. Em qualquer ameaça permanece.
Está, indomável.

é melhor você não correr nessa rua de paralelepipedos, você vai tropeçar.
é melhor você não dormir, você vai enxergar.
é melhor você não pensar, você vai sonhar.
é melhor?

Dentro de mim cabe tudo, menos eu.

2 comentários:

Anizio disse...

Se interpretei bem, creio que me pareço um pouco com esta jaula, com a fera que não pode sair. Acho que quase todo mundo é assim. Abração e continue assim!

TLT disse...

ola meu querido!
Nossas almas são grandes demais para este corpo...
Adorei o seu blog, não sabia que vc tinha um...
Este seu post me fez lembrar de um texto escrito pelo Charles Bukowski.
Que aqui compartilho contigo...


há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica aí dentro,
não vou deixar
ninguém ver-te.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu despejo whisky para cima dele
e inalo fumo de cigarros
e as putas e os empregados de bar
e os funcionários da mercearia
nunca saberão
que ele se encontra
lá dentro.
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado duro para ele,
e digo, fica escondido,
queres arruinar-me?
queres foder-me o
meu trabalho?
queres arruinar
as minhas vendas de livros
na Europa?
há um pássaro azul no meu coração
que quer sair
mas eu sou demasiado esperto,
só o deixo sair à noite
por vezes
quando todos estão a dormir.
digo-lhe, eu sei que estás aí,
por isso
não estejas triste.
depois,
coloco-o de volta,
mas ele canta um pouco lá dentro,
não o deixei morrer de todo
e dormimos juntos
assim
com o nosso
pacto secreto
e é bom o suficiente
para fazer um homem chorar,
mas eu não choro,
e tu?

Grande Abraço